quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011


Volta às aulas




  
Adaptando as crianças


           Adaptação escolar é um tempo de novas descobertas e de muitos receios, para filhos e pais. Confira os medos mais comuns das crianças na educação infantil e no início do fundamental, e saiba como lidar com eles.



Você vem me buscar?'

Essa era a pergunta que Joana, de 3 anos, repetia para a mãe, Ivelise Gianfaldoni, 44. 'Acho que ela queria dizer 'mamãe, você não vai me deixar aqui, né?'', conta Ivelise. O principal medo da criança pequena é o de ser abandonada pelos pais. Quando ela está na escola nova, esse receio se torna constante. Ela está em um espaço que não conhece, com gente estranha. Para agravar, ainda tem pouca noção de tempo. Não sabe quando vai voltar para casa. As escolas tentam acalmar as crianças ensinando a rotina com desenhos, hora do lanche, de brincar e de ir embora. Em casa, vocês também podem ajudar relembrando a rotina.

Mamãe, quero ficar com você!'

Uma grande aflição das crianças, o momento da separação costuma ser tenso. O filho chora ou, muitas vezes, pergunta se a mãe pode ficar mais um pouquinho. 'Normalmente é a primeira vez que a criança ficará sozinha sem ninguém de referência da família e acaba chorando pelo medo que essa separação provoca', diz Paula Bacchi, orientadora pedagógica da educação infantil do Colégio Santa Maria, em São Paulo. Para aliviar a tensão, faça combinados e cumpra para dar segurança à criança (e a você). Se falar que vai ficar no 'guarda-mãe', lugar onde todas nós ficamos sentadinhas esperando os filhos durante a adaptação, fique. Era o que fazia Valéria Schandert, mãe do Heitor, de 4 anos. Toda vez que o menino queria vê-la, a professora o levava. E lá estava Valéria. Não suma. 'Também ajuda conversar em casa com a criança e contar quem vai protegê-la quando a mamãe não estiver por perto', orienta Paula.


'Eu quero o meu paninho!'

No início das aulas, levar os brinquedos ou objetos preferidos é comum e normalmente bem aceito pela maioria das escolas. Mas pergunte antes se a sua também concorda com a prática. 'Na adaptação, a criança precisa ter paninho, mamadeira, chupeta, brinquedo preferido porque são objetos familiares, representam a 'casa' para ela', explica Marcelo Cunha Bueno, coordenador pedagógico e educador da escola Estilo de Aprender, em São Paulo. 'E também cria um elo entre a escola e a casa, ligação necessária para o sucesso da adaptação', completa Paola Capraro, coordenadora da educação infantil e do ensino fundamental do colégio Eugenio Montale, em São Paulo. É comum algumas crianças que não levam os objetos ficarem o tempo todo com a mochila nas costas sem querer pendurar no cabide. 'Costumo brincar dizendo que ela está com a casa, e não a mochila, nas costas', diz Marcelo. Aos poucos, escola e pais devem incentivar a criança a deixar o objeto na mochila, depois no carro e, por fim, em casa. 'Porque é necessário que os pequenos consigam conviver, brincar, comer sem depender desses objetos', diz Paola.


Adaptando os Pais

Há mãe que sofre muito mais que o filho na época da adaptação. Os educadores, aliás, costumam dizer que os pequenos conseguem se adaptar com mais rapidez e facilidade do que os adultos. Que o diga Ivelise. Ela assume que sofreu com a adaptação da filha. 'Achei que ela não conseguiria. E a Joana ficou bem. O problema era eu me acostumar com a idéia de deixá-la na escola sozinha, de ela não estar comigo.'
A escola, nesse ponto, é mesmo cruel com os pais. Mostra que o filho cresceu, que não precisa mais só do papai e da mamãe. Muitos adultos, diante da possibilidade de ver o filho sofrer, grudam nele ou choram junto ao se separar. Acabam duvidando se o filho é capaz de agüentar o ambiente hostil sozinho. Sentimento legítimo de proteção. Afinal, até pouco tempo, era um bebê que dependia deles para tudo. 'Só que os pais não podem achar sempre que o filho não é capaz de enfrentar situações novas. Têm de dar aos pequenos o poder de se virarem sozinhos, sem interferir', orienta Patricia Lins e Silva.

E mais: os educadores chamam a atenção para outra determinação dos pais: a de que fizeram a escolha certa e devem dar um voto de confiança para a escola. Caso contrário, não funciona. 'A criança precisa estabelecer um vínculo de segurança com o colégio que, invariavelmente, passa pelo quanto a mãe está confiante na instituição', diz Rosani, do Colégio Santo Américo. Logo, se seu filho perceber que você está insegura, ficará com medo. Segundo Rosani, por trás da insegurança dos pais está um medo deles de que o filho se frustre e sofra.
Vão cuidar direito?
Primeira experiência na escola, na educação infantil, então os receios se potencializam. O principal medo está relacionado aos cuidados com a criança pequena. Se terão cuidado com a higiene, se não vão deixar chorar, passar fome, sentir sede. 'Meu filho vai poder tirar a soneca dele?' 'Duas pessoas cuidando de 20 crianças não é pouco?' Dúvida que não acaba mais. 'A relação entre pai e escola é de confiança. Essa ligação não ocorre de imediato. Leva tempo para se construir, então procure conversar com a professora ou com a orientadora sempre que tiver dúvida', orienta Marluce Rossi, psicóloga da Escola Dínamis, no Rio de Janeiro. E, se depois de três ou quatro meses a criança não se adaptar, os pais devem conversar com a escola.

  Fonte: Patrícia Cerqueira ( Resvista Crescer)
  Pesquisa: Equipe Pedagógica E.M.E.I. Vó Enedina/2011.



2 comentários:

  1. Mari, parabéns! A reportagem tem tudo a ver com aquilo que costumamos ouvir no começo do ano. Com certeza seria de grande utilidade que os pais lessem esta matéria. Um abraço.

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  2. Ah! Esqueci de te dizer que o blog ficou muito bom do jeito que tu o deixou!

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